Tuesday, June 30, 2009

Drink it in.


"Did you say it?
I love you, I don't ever want to live without you, you changed my life.
Did you say it?
Make a plan. Set a goal. Work toward it. But every now and then, look around.
Drink it in. 'Cause... this is it. It might all be gone tomorrow."



Há sempre amanhã. Há sempre depois. Há sempre “daqui a pouco” e “até logo”.
…Não, não há.

Somos tão céleres em reconhecer que a vida é curta, em citar Horácio, em ceder os 5 minutos de choque da praxe ao saber da morte de alguém. E tão mais céleres ainda em não retirar qualquer tipo de sabedoria prática disso. Claro, falamos de aproveitar mais o tempo que nos é dado, de viver como se não houvesse amanhã, mas assim que o nosso pensamento se ocupa com outro tema…são apenas palavras atiradas ao vento. Talvez a perspectiva de perder tudo, todos, algo ou alguém que significa tanto para nós apenas tenha capacidade de produzir um sobressalto limitado. Talvez seja apenas um fenómeno bioquímico, fisiológico. Mas não deixa de ser incrivelmente estúpido.

Olha à tua volta. E se tudo o que vês não passasse de hoje?
Os teus sonhos e ambições? Os teus pertences? As tuas memórias, a tua saúde? As pessoas que amas? Mãe, Pai, irmãos, avós, tios, primos, amigos de infância, amigos de todos os dias, amigos para sempre, namorada, namorado ou marido, mulher? Tenta imaginar, por um momento só, que a tua vida, ou algum aspecto dela, acaba por ser totalmente diferente do que imaginaste. Que certas pessoas não te acompanharão para o resto da vida. Que não vais ser saudável para sempre. Que os momentos que idealizaste são arruinados. Que perdes o que levaste uma vida a construir.
Essa sensação de aperto, de frio no estômago? Chama-se “ter-noção-do-quão-efémero-e-inconstante-tudo-realmente-é”.

Temos tanto a perder… e nunca perdemos uma vez só. Ultrapassar uma provação, um momento difícil, não nos concede a graça de nunca mais termos que sofrer na vida. Não sofremos cada um o seu quinhão, por assim dizer. Estamos condenados a que algumas coisas más nos aconteçam, nem que seja pela natureza finita da vida humana; por vezes, até, essas coisas podem suceder-se mais rapidamente do que conseguiríamos prever… o mundo não espera até que sares das tuas feridas. Já pensaste nisso?

Não são palavras amargas, são palavras de quem também já perdeu um pouco de si, mas tem a humilde ambição de conseguir sorver todos os bons momentos de um dia, de lhes dar valor, e de dar graças pelas pequenas coisas. De dizer às pessoas que lhe são importantes o quão profunda e verdadeiramente as ama, o quão lhe é doloroso imaginar que não as vai ver amanhã, o quão grata está por tê-las na sua vida.
Ainda não consigo fazer isso tudo. Mas gostava de lá chegar. E gostava que todos quantos me são próximos lá chegassem também.

Fecha os olhos. Dá-me a mão. …vamos fazer um esforço?