Monday, August 20, 2007


E veio o dia. E eu fugi.

Fugi para longe, correndo até não poder mais, deixando tudo para trás, até perder de vista, e mesmo assim parecia nunca ser longe o suficiente. E não foi... E não foi...

Quando parecia ter a alma em sossego, mergulhada no verde dos prados e na imensidão azul do céu, alguém ateou fogo ao meu coração… Parecia que o sentia mirrar; senti como se me tivessem atraiçoado, como se um poder mais alto, com laivos de perfídia, tivesse estado a jogar xadrez com o que sentia, permitindo que me sentisse a salvo, apenas para que o golpe seguinte doesse mais…

O que é que faço agora? Como é que se reaprende a viver quando tiramos pessoas que amamos da equação? Não consigo deixar de pensar que é errado que algum dia me volte a sentir feliz… Como é que eu faço isso, quando perdi tanto em tão pouco tempo?

Não tenho respostas, nem resistência. Queria poder acordar de um simples pesadelo, mas não posso. Queria tê-los de volta, mas é impossível. Queria que alguém me ensinasse o que fazer com esta dor e revolta, mas tenho que aprender sozinha.

Não consigo exprimir bem o que me vai na alma; nem sei se quero, de tão negra que a sinto. Talvez, daqui a muito tempo, a mágoa drene. Talvez eu venha a poder dizer que já não sinto dor porque “eles não quereriam isso”. Por agora quero chorar. Quero levar-lhes as rosas de que tanto gostavam; sei que as não podem cheirar, mas quero levá-las mesmo assim. Quero que chova, que o céu os chore e, de caminho, talvez a chuva lave a raiva e tudo mais.